O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa, apartidária e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Política

Investigado por: 09/04/2025

Cabeleireira que pichou estátua da Justiça no 8 de janeiro é acusada de cinco crimes, não só de vandalismo

Contextualizando
Post compara atentado contra a estátua da Justiça em 2016 com pichação feita na mesma obra durante os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023. A publicação alega que o primeiro ataque seria de responsabilidade de movimentos de esquerda e, por esse motivo, estaria impune. Já o segundo, feito pela direita, é classificado como atentado contra a democracia. Não há provas de que os envolvidos na ação de 2016 sejam pessoas de esquerda. Naquele ano, grupos antiaborto jogaram tinta vermelha na obra em retaliação a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Mulher que escreveu “perdeu mané” na escultura em 2023 responde por cinco crimes.

Conteúdo analisado: Post que coloca lado a lado duas imagens da estátua da Justiça, situada em frente ao prédio do STF. De um lado, a obra está coberta por uma tinta vermelha que simula sangue. No extremo oposto, a escultura tem uma bandeira do Brasil amarrada ao pescoço e os dizeres “perdeu mané” escrito no peito. As imagens vêm acompanhadas de manchetes de jornais e textos. As legendas afirmam que, enquanto uma ação feita pela esquerda foi considerada “no máximo vandalismo”, a outra feita pela direita foi classificada como “atentado contra a democracia e terrorismo”, fazendo referência aos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Onde foi publicado: TikTok.

Contextualizando: As imagens mostram duas situações diferentes envolvendo a mesma escultura, a estátua “A Justiça”, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Elas vêm sendo compartilhadas fora de contexto em meio à mobilização da direita pela anistia dos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A foto da estátua coberta por tinta retrata uma ação de 2016. Em novembro daquele ano, a Primeira Turma do STF determinou em um caso específico não ser crime o aborto até o 3º mês de gestação. Como forma de protesto contra a decisão dos magistrados, pessoas ligadas a grupos conservadores e entidades que se intitulam “pró-vida” jogaram tinta vermelha e um boneco “ensaguentado” na estátua.

Não há provas de que as pessoas que atentaram contra a estátua em 2016 sejam ligadas a movimentos de esquerda, como a publicação afirma. Tradicionalmente, a pauta antiaborto faz parte da agenda de grupos conservadores. O caso chegou a ser investigado pela Polícia Federal (PF). O Comprova entrou em contato com a PF para verificar o resultado da investigação, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto.

Já a pichação “perdeu mané” foi feita pela cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, durante a invasão às sedes dos Três Poderes em 2023. O post comparando os dois atos faz parte de uma série de outras publicações que disseminam versões enganosas sobre o caso de Débora, na tentativa de minimizar suas ações e dizer que ela foi presa e está sendo julgada “só por pichar uma estátua com batom”, o que não é verdade. Na verdade, ela responde por cinco crimes diferentes (leia mais abaixo).

Os possíveis crimes cometidos em cada um dos casos não são os mesmos. Por isso, não é correto compará-los. Conforme a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o episódio do 8 de janeiro envolveu uma tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e a deposição do governo legitimamente constituído. Débora, por exemplo, participava dos acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército (QGEx), em Brasília, um dos locais onde a tentativa de golpe foi discutida. Ela chegou a pedir desculpas ao STF pelo atentado.

O Comprova entrou em contato com o autor da publicação feita no TikTok, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

“Só uma pichação de batom”

Diferentemente do que diversas publicações disseminadas nas redes sociais apontam desde que o julgamento de Débora no STF começou, a cabeleireira responde por cinco crimes diferentes. O ministro Alexandre de Moraes, que é relator das ações ligadas ao atentado do 8 de janeiro, votou a favor de que a condenação dela aconteça da seguinte forma:

Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito: pena de 4 anos e 6 meses de reclusão;

Golpe de Estado: pena de 5 anos de reclusão;

Dano qualificado: pena de 1 ano e 6 meses de detenção e 50 dias-multa, sendo cada dia multa em 1/3 do salário mínimo;

Deterioração do Patrimônio Tombado: pena de 1 ano e 6 meses de reclusão e 50 dias-multa, com cada dia multa em 1/3 do salário-mínimo;

Associação Criminosa Armada: pena de 1 ano e 6 meses de reclusão.

Ao todo, são 14 anos de pena, sendo 12 anos e 6 meses de reclusão e 1 ano e 6 meses de detenção, e 100 dias-multa.

O ministro Flávio Dino acompanhou Moraes. O ministro Luiz Fux pediu vistas (mais tempo para analisar o caso), mas durante o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe, sinalizou que pode rever a pena de Débora.

Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, ministros que também são membros da 1º turma do STF, não se manifestaram. Não há data ainda definida para a ação voltar a ser analisada.

No dia 28 de março, Moraes concedeu prisão domiciliar a Débora. Ela está presa preventivamente desde março de 2023. A PGR opinou pela prisão domiciliar até a conclusão do julgamento. Para conceder a prisão domiciliar, o ministro definiu as seguintes medidas cautelares:

  • Uso de tornozeleira eletrônica;
  • Proibição de utilização de redes sociais;
  • Proibição de comunicar-se com os demais envolvidos, por qualquer meio;
  • Proibição de concessão de entrevistas, salvo mediante autorização do STF;
  • Proibição de visitas, salvo de seus advogados, pais, irmãos e outras pessoas autorizadas pela Corte.

Fontes consultadas: Voto do ministro Alexandre de Moraes pela condenação de Débora. Decisão do mesmo ministro que concedeu prisão domiciliar para a mulher que é ré. Além disso, também foram consultadas reportagens de diversos jornais brasileiros.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já publicou que é enganoso um post que afirma que Moraes atropelou a competência do Superior Tribunal Militar ao decidir que cabe ao STF julgar os militares envolvidos nos atos de 8 de janeiro em Brasília. Outras verificações mostraram que não é verdade que o presidente Lula (PT) armou a invasão e que o atentado não foi uma “farsa”. Sobre o caso da verificação em questão, o Estadão Verifica e Aos Fatos apuraram que Débora Rodrigues é acusada de cinco crimes. O UOL Confere já apontou que Débora não é acusada apenas pela pichação e o Estadão Verifica esclareceu que a PGR não ofereceu acordo de não persecução penal a ela por conta da gravidade dos crimes.

Comprova Explica

Investigado por: 07/04/2025

Como a desinformação sobre vacinas distorce dados e compromete a confiança pública

Comprova Explica
Diversos estudos já comprovaram a eficácia e a segurança das vacinas contra a covid-19, mas, cinco anos depois do início da pandemia, os conteúdos de desinformação sobre o assunto continuam viralizando nas redes sociais. Contra eles, a seção Comprova Explica mostra como é a produção e a avaliação dos imunizantes e como a desinformação atrapalha o debate.

Conteúdo analisado: Posts com desinformação sobre as vacinas contra a covid-19. Conteúdos que afirmam que as vacinas causam doenças graves e que aumentaram o número de mortes pelo novo coronavírus, entre outros.

Comprova Explica: Já se passaram cinco anos desde o início da pandemia e quase dois do fim dela, mas conteúdos com desinformação sobre a vacina contra a covid-19 continuam circulando, sejam os antigos que voltam a viralizar ou novos que são criados.

Contra essas publicações, ainda em 2022, a seção Comprova Explica publicou, por exemplo, texto explicando por que os eventos adversos graves pós-imunização são raros e que os benefícios superam os riscos. No mesmo ano, trouxe outro texto informando que era mentirosa a associação entre a vacina e o HIV.

Estudos já comprovaram a eficácia e a segurança das vacinas, e diversas pesquisas confirmaram que elas foram fundamentais para o controle do vírus. Em setembro do ano passado, a prestigiada revista The Lancet publicou estudo estimando que, entre dezembro de 2020 e março de 2023, as vacinas contra a covid salvaram 1,6 milhão de vidas na Europa.

Um outro estudo, também publicado pela The Lancet em 2024, mostrou que as vacinas contra 14 tipos de doenças salvaram 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos. A grande maioria das vidas salvas foram de crianças – 101 milhões.

Mas os desinformadores distorcem informações ou inventam dados para espalhar preocupação e fortalecer o movimento antivacina.

Recentemente, um artigo publicado no The New York Times trouxe uma discussão interessante: embora aceitemos diariamente viver com riscos – seja ao tomar banho de banheira, onde pessoas morrem afogadas, ou ao subir uma escada de onde a queda pode ser fatal –, e embora a relação risco-benefício seja mais explícita na área da medicina e consigamos compreender que um medicamento pode causar convulsões e mesmo assim tomá-lo, a discussão sobre os riscos das vacinas se tornou impossível.

“Quando pesquisadores relatam um efeito colateral aparente ou resultado adverso, eles podem estar quase certos de que atores ruins distorcerão suas palavras para minar seu significado”, diz o texto escrito pelo jornalista e palestrante na Escola de Saúde Pública de Yale, James Hamblin, referindo-se a conteúdos de desinformação. Frente a essa discussão, a seção Comprova Explica traz detalhes de como é o processo de produção e avaliação dos imunizantes e como a desinformação afeta o debate.

Como é medido o risco de um medicamento?

Para chegar às farmácias, qualquer medicamento no Brasil precisa ser antes aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No órgão, a unidade responsável por analisar a segurança e eficácia é a Gerência de Avaliação de Segurança e Eficácia (GESEF), da Gerência-Geral de Medicamentos.

Essa avaliação, diz a Anvisa, segue regras estabelecidas pelas Boas Práticas de Avaliação (BPA) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a agência brasileira, o registro é dado quando evidências científicas mostram que “os benefícios conhecidos e potenciais do medicamento, quando usado para diagnosticar, prevenir ou tratar a doença ou condição clínica identificada, superam os riscos conhecidos e potenciais”.

Ao Comprova, a médica Luciana Miyahira de Mello Nunes, responsável técnica pelo Conecta Médico, plataforma de telemedicina da Interplayers, hub de negócios da saúde e bem-estar, afirmou que as evidências devem ser baseadas em pesquisa básica (com etapas como descobrimento da molécula e testes in vitro) e as três primeiras fases da pesquisa clínica, com testes em animais e em humanos.

Também à reportagem, Mayra Moura, doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), diz que as fases dos estudos clínicos seguem protocolos que contam com um comitê externo, sem ligação com o patrocinador daquele medicamento que está sendo desenvolvido. “Se foi identificada uma reação inesperada grave, esse comitê é acionado e é feita uma avaliação para entender se vale continuar com o estudo ou não.”

Com os imunizantes é diferente?

Não. A aprovação de vacinas no Brasil segue os mesmos critérios estabelecidos para qualquer medicamento.

O processo também segue as Boas Práticas de Fabricação da OMS, que, segundo a Anvisa, “têm o objetivo de estabelecer padrões de qualidade para assegurar que os medicamentos sejam fabricados de maneira uniformizada, visando minimizar a ocorrência de trocas, misturas ou contaminações na fabricação, garantindo ainda a possibilidade de se rastrear seus componentes desde a matéria-prima até a disponibilização ao consumidor final”.

“Vacinas são substâncias que induzem o sistema imunológico do corpo humano a produzir anticorpos contra aquela determinada doença, de origem viral ou bacteriana”, diz Luciana, que reforça que o processo de aprovação também engloba uma fase pré-clínica e outra clínica. “A fase pré-clínica envolve toda pesquisa sobre os vírus ou bactérias, a doença e a forma como o corpo age após a exposição ao patógeno ou durante a doença.”

Depois, ela explica, são realizados estudos para “testar e tentar comprovar a resposta imune que aquela substância consegue induzir em animais” e, “com a demonstração de resultados positivos nesta fase, a pesquisa avança para a fase clínica, divididas em 4 etapas, assim como nos testes para medicamentos”.

Nas vacinas, os riscos de efeitos colaterais costumam ser muito menores do que o das doenças. O que isso significa na prática?

Apesar de intensa campanha de desinformação sobre o tema, a ciência prova que as vacinas são seguras. Os riscos de efeitos colaterais são muito menores do que os riscos das próprias doenças que elas previnem.

“Quando falamos de vacinas, estamos falando de medicamentos extremamente seguros. Os eventos adversos mais comuns são leves, como dor no local da aplicação, vermelhidão ou febre baixa. E duram, em média, de dois a três dias”, explica a enfermeira Mayra Moura.

A comparação com os riscos das doenças é direta. “Um bom exemplo é a miocardite. Ela pode acontecer como efeito colateral da vacina contra a covid-19, mas acontece com muito mais frequência em quem contrai a própria covid. Ou seja: o risco de não se vacinar é sempre maior”, destaca.

A médica assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) Jorgete Maria e Silva acrescenta que, no caso da vacina contra a febre amarela, por exemplo, o risco de reação grave após a aplicação do imunizante é de 0,8 casos para cada 100 mil doses aplicadas, enquanto a letalidade da doença é em torno de 60% a 80% para os não vacinados.

“De uma forma geral, a incidência de eventos adversos é bem menor nos vacinados do que o risco de adoecer nos não vacinados”, reforça Jorgete.

Como são reportados os efeitos colaterais?

Qualquer sintoma inesperado que apareça após a vacinação é monitorado pelas autoridades de saúde. Esses episódios são chamados de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI).

“Tudo o que acontece com a pessoa depois da vacina deve ser avaliado. Mesmo que ainda não se saiba se foi causado diretamente pela vacina, o profissional de saúde precisa registrar”, explica Mayra. No Brasil, a notificação é feita pelo sistema e-SUS Notifica e dá início a uma investigação.

Esse processo passa por três níveis: municipal, estadual e federal. O caso é analisado em busca de uma possível relação causal com a vacina. Quando essa ligação é confirmada, o evento deixa de ser considerado apenas um ESAVI e passa a ser classificado como reação adversa — aquela que vai para a bula do imunizante.

Como e quando os efeitos adversos são incorporados à bula?

O processo de avaliação de uma vacina não termina quando ela é aprovada para uso na população. Mesmo depois de licenciada, a vacina segue sob monitoramento constante, tanto pelo fabricante quanto pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“Isso acontece com qualquer medicamento. Qualquer remédio que esteja disponível para uso é monitorado enquanto existir. Com as vacinas, não é diferente”, explica Mayra Moura.

O acompanhamento contínuo permite verificar se o perfil de segurança identificado nos ensaios clínicos se mantém ao longo do tempo ou se há novas informações que precisam ser incluídas na bula. “Às vezes, uma reação muito rara não aparece durante os testes, porque esses estudos, por maiores que sejam, ainda envolvem um número limitado de pessoas. Mas quando a vacina passa a ser aplicada em milhões de pessoas, essas reações raras podem surgir”, afirma a especialista.

Como a desinformação provoca ruído no debate sobre vacinas?

O professor sênior da (USP) e vice-presidente para São Paulo da Academia de Brasileira de Ciências (ABC), Glaucius Oliva, explica que, durante a pandemia da covid-19, as revistas científicas decidiram publicar imediatamente os artigos relacionados à doença, sem cobrança dos autores para publicação e com acesso liberado ao público. O objetivo era promover a circulação de informações sobre a doença da forma mais rápida possível, numa expectativa de que isso pudesse contribuir para o controle da pandemia.

No entanto, o que seria uma atitude bem intencionada, acabou por servir de combustível para o movimento antivacina, pois não houve tempo necessário para uma revisão por pares criteriosa dos artigos antes de eles serem publicados, inclusive em revistas de prestígio na comunidade científica, o que resultou na divulgação de informações que, posteriormente, se mostraram incorretas.

“O resultado disso é que diversos artigos científicos publicados forneceram, eu diria intencionalmente ou não, material que depois veio a ser utilizado de forma indevida pelos movimentos antivacina para gerar dúvidas sobre segurança e eficácia das vacinas”, diz Oliva.

Mesmo após serem retirados de publicação por erros metodológicos e conclusões equivocadas, esses estudos continuaram a circular na internet, alimentando as campanhas de desinformação e influenciando a percepção pública. Um dos exemplos é o estudo “The Safety of covid-19 Vaccinations—We Should Rethink the Policy” (“A segurança das vacinas contra covid-19 — Devemos repensar a política”). Publicado na revista Vaccines em 24 de junho de 2021, ele sugeria que, para cada três mortes evitadas pela vacina contra a covid-19, duas seriam causadas pela própria vacina.

O artigo foi retirado de publicação no mês seguinte, após uma série de críticas que apontaram erros no trabalho e levaram, inclusive, à renúncia de membros do conselho editorial da revista. “Esse artigo foi amplamente promovido por ativistas antivacina para sustentar suas alegações sobre supostos perigos”, diz Oliva. “Isso nos mostra a importância da revisão vigorosa por pares e da interpretação cautelosa de resultados científicos, especialmente durante crises globais de saúde”.

Por outro lado, a proliferação das chamadas revistas predatórias – que lucram com taxas cobradas para a publicação de artigos sem um adequado processo de revisão – também foi outro fator que impulsionou a desinformação sobre vacinas na internet. Segundo Luiz Carlos Dias, professor da Unicamp e membro titular da ABC, os movimentos antivacina se valem de estudos publicados nessas revistas para dar um caráter “científico” às alegações enganosas que pretendem difundir.

“Eles se valem da má ciência publicada nessas revistas de baixo nível para espalhar desinformação e mentiras”, diz Luiz Carlos Dias. “A população não tem como saber quem está produzindo ciência de qualidade ou não e acaba confiando nesses grupos que disseminam desinformação”.

Como a emergência do movimento antivacina durante a pandemia afetou a vacinação no Brasil?

O professor Luiz Carlos Dias, autor do livro “Não há mundo seguro sem a ciência – A luta de um cientista contra as pseudociências”, explica que o movimento antivacina ganhou força no Brasil durante a pandemia. E vem afetando, de forma indireta, a taxa de cobertura de outros imunizantes que não o da covid-19. Em 2024, de acordo com dados do Ministério da Saúde, somente a vacina BCG, que previne contra formas graves de tuberculose, e a Tríplice Viral – 1ª dose, que protege contra o sarampo, caxumba e a rubéola, atingiram patamar maior ou igual à meta de cobertura.

Segundo o professor, há outros fatores influenciando a queda de cobertura vacinal. Ele cita a falta de campanhas de conscientização, a necessidade de reestruturação do SUS, com abertura de mais salas de vacinação e contratação de profissionais, e a impressão de parte da população de que doenças como sarampo e poliomielite não existem mais.

“Nesse sentido, podemos dizer que as vacinas são vítimas do próprio sucesso”, diz Luiz Carlos. “Sempre tivemos taxas de cobertura vacinal elevadas no Brasil e isso contribuiu para o controle dessas doenças. As pessoas acreditam que elas não existem mais, mas isso não é verdade. São necessárias altas taxas de vacinação, em torno de 95%, para que essas doenças continuem sob controle”.

Segundo levantamento da revista Pesquisa Fapesp, as taxas de vacinação infantil no Brasil estiveram em queda consecutiva desde 2016, com aumento das taxas a partir de 2022. Em outra publicação, a revista cita entre os fatores para a queda, aspectos como a percepção enganosa de que algumas doenças não existiriam mais, o horário restrito de funcionamento dos postos de vacinação, desconhecimento do calendário vacinal, que se tornou mais complexo, e o receio de reações adversas e sobrecarga do organismo com o número mais elevado de vacinas. O texto cita ainda o efeito da circulação de notícias falsas sobre vacinas e a ação organizada de grupos contrários à imunização.

Impacto da desinformação sobre a vacina infantil contra a covid

Segundo o professor Luiz Carlos Dias e o doutor em microbiologia e diretor de Educação do Instituto Questão de Ciência (IQC), Luiz Almeida, a desinformação vem afetando de forma mais considerável a vacinação de crianças contra a covid-19. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de cobertura é mais baixa entre crianças de 6 meses e de 3 a 4 anos de idade.

De acordo com o painel, até o momento, 35,8% das crianças de 6 meses receberam duas doses e 11,2%, três doses da vacina monovalente. Já na faixa etária de 3 a 4 anos, 30,6% receberam duas doses e 15,2%, três doses do imunizante.

“Não há dúvida que o movimento antivacina atrapalhou a adesão às vacinas contra a covid, especialmente em crianças, pois vimos uma campanha intensa nas redes sociais, inclusive protagonizada por membros do governo federal”, avalia Luiz Carlos Dias.

Luiz Almeida acrescenta que a percepção equivocada de que a covid-19 não afeta crianças de forma grave também contribuiu para as baixas taxas da cobertura vacinal contra a doença nesse grupo. “Isso é uma falácia. Acredito que esse tipo de desinformação tenha sido mais prejudicial do que qualquer outra”.

Como mostrou o Comprova, informe do Ministério da Saúde mostra que, em 2024, houve 82 mortes por covid-19 de crianças menores de 1 ano a 11 anos de idade.

Fontes consultadas: Sites de órgãos como Anvisa e OMS, a médica Luciana Miyahira de Mello Nunes, a diretora da SBim Mayra Moura, os professores Luiz Carlos Dias e Glaucius Oliva e Luiz Almeida, do IQC.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Os imunizantes são frequentemente temas de conteúdos de desinformação. Recentemente, o Comprova mostrou que estudos mostram benefícios da vacina infantil contra covid, ao contrário do que dizia post e que publicação engana ao afirmar que levantamento concluiu que o produto anti-covid não é seguro.

Golpes virtuais

Investigado por: 07/04/2025

Saiba o que fazer quando você recebe uma mensagem de um número desconhecido no WhatsApp

Golpes virtuais
Diante da quantidade de golpes virtuais aplicados diariamente, receber uma mensagem de um número desconhecido é motivo de alerta. Pode ser alguém que conseguiu o seu telefone e ainda não está salvo na sua lista de contatos, mas também pode ser um golpista. O Comprova mostra como se proteger de golpes e quais ferramentas o WhatsApp oferece para que os usuários possam denunciar contas suspeitas ou se livrar de um grande volume de mensagens indesejadas.

O que fazer quando você recebe uma mensagem de um número desconhecido no WhatsApp?

Por que você deve tomar cuidado com números que não estão na sua lista de contatos: com tantos golpes virtuais sendo aplicados diariamente, uma mensagem de um número desconhecido é motivo de alerta. Pode ser uma pessoa que conseguiu o seu telefone com alguém e ainda não está salva na sua lista de contatos, mas também pode ser um golpista. Os números usados para aplicar golpes são variados, não têm um DDD ou sequência específica. Por isso, é importante desconfiar sempre antes de passar informações pessoais.

Como os golpistas abordam as pessoas: existem diferentes cenários. Você pode receber um simples “oi” de um contato que usa a foto de um amigo ou familiar, mas um número diferente do que aquele salvo na sua lista. Nesse caso, o golpista se justifica afirmando que a pessoa em questão precisou trocar de número. Na sequência, surge um pedido por dinheiro com urgência, geralmente via Pix. Outro tipo de golpe comum por números desconhecidos é a falsa oferta de emprego. Em muitas abordagens, o golpista pede para que a pessoa clique em links ou forneça informações pessoais, como data de aniversário ou número de cartão de crédito.

Que táticas eles usam para chamar a atenção: as propostas de trabalho contam com promessas financeiras elevadas, com poucas horas de trabalho e muitos benefícios. Já no caso de golpistas se passando por pessoas conhecidas, a mensagem tem um apelo emocional e de urgência.

Qual é o objetivo do golpe: geralmente, o mais comum é tirar dinheiro das vítimas.

Como se proteger:

  • Observe se o número está registrado em um país diferente ou se vocês não possuem grupos em comum.
  • Fique atento a erros gramaticais nas mensagens.
  • Caso o contato utilize uma foto de alguém conhecido, preste atenção se não há uma diferença na maneira de escrever habitual daquela pessoa.
  • Desconfie se a mensagem vem acompanhada de um pedido para clicar em um link ou baixar um aplicativo.
  • Analise se a conversa possui um tom alarmista, como o anúncio de que você ganhou um prêmio ou uma promoção, especialmente se a pessoa do outro lado da tela pedir o compartilhamento de dados pessoais.

A quem denunciar: o WhatsApp não disponibiliza um número de telefone para denúncias, mas oferece outros caminhos caso o usuário queira reportar uma conta suspeita ou se livrar de mensagens indesejadas.

O aplicativo oferece as opções de bloquear e denunciar contas suspeitas. Ao bloquear um número, você deixa de receber dele ligações, mensagens e atualizações de status. Para isso, é preciso ir até a página onde aparece a foto do contato e clicar em “bloquear”. Uma vez bloqueado, a conversa ainda aparece na sua lista, mas o contato não tem acesso a sua foto ou informações de “visto por último” e “online”. Para que a conversa desapareça da tela principal, você pode apagá-la ou arquivá-la.

Outra alternativa é bloquear e denunciar a conta ao mesmo tempo. Ao selecionar essa opção, além de deixar de receber mensagens daquela pessoa ou grupo, você encaminha para o WhatsApp as últimas cinco mensagens da conversa. Dessa forma, a empresa irá analisar se o denunciado violou ou não os termos de serviço da plataforma. Após o envio da denúncia, o denunciante não é contatado pelo WhatsApp nem notificado se o denunciado foi banido ou não do aplicativo de mensagens.

| No próprio aplicativo, o usuário do WhatsApp pode bloquear e denunciar contas suspeitas. O usuário denunciado não é notificado sobre a identidade de quem enviou a denúncia ao WhatsApp (simulação feita em um aparelho que usa iOS).

Um terceiro mecanismo é o bloqueio de um alto volume de mensagens recebidas por números desconhecidos. Essa opção pode ser ativada ao acessar “configurações > privacidade > configurações avançadas”. Com a medida ativada, o WhatsApp bloqueará mensagens de números desconhecidos quando elas ultrapassarem um volume determinado. Esse limite não é identificado pelo aplicativo. Os demais contatos ainda poderão enviar mensagens normalmente. Mas assim que a taxa de mensagens do número desconhecido voltar ao normal, a plataforma deixará de bloquear as mensagens.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já explicou como identificar e se proteger do golpe do falso emprego e também como se proteger de roubos de contas de redes sociais. O Estadão Verifica publicou uma matéria mostrando como criminosos usam inteligência artificial para manipular vídeos de pequenos influenciadores e aplicar golpes nas redes sociais. A Agência Lupa também criou um site que mapeia golpes digitais e orienta vítimas de fraudes. O Comprova tem uma seção inteira sobre golpes virtuais.

Política

Investigado por: 04/04/2025

PIB per capita do Brasil costuma estar atrás da média mundial, diferentemente do que diz post

Enganoso
É enganoso um post que afirma que, “pela primeira vez na história, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil é inferior à média mundial”. A publicação usa uma estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dados oficiais do órgão apontam que, desde 1980, o PIB per capita do Brasil só esteve à frente da média mundial, em dólares americanos, entre os anos de 2010 e 2014. O post também engana ao afirmar que o Brasil ocupa atualmente a 81ª posição no ranking – é a 79ª posição entre os países com dados estimados para 2025 pelo FMI.

Conteúdo investigado: Post afirma que, “pela primeira vez na história, o PIB per capita do Brasil é inferior à média mundial”, que o país ocupa atualmente a 81º posição neste ranking e que “o Brasil de Lula está mais pobre perante o mundo”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É enganoso o conteúdo de um post no X que usa dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicados na Wikipédia para afirmar que, pela primeira vez na história, o PIB per capita do Brasil é menor do que a média mundial.

A publicação compartilha o print de parte de uma tabela da Wikipedia em que o Brasil ocupa, supostamente, a 81ª posição no ranking, com estimativa de PIB per capita para 2025 de US$ 10.816, valor menor do que a média mundial para o período, de US$ 14.450 per capita. Os valores são os mesmos estimados pelo FMI, embora haja uma ligeira imprecisão na posição no ranking – o Brasil está na 79ª posição (leia mais abaixo).

Não é verdade, no entanto, que esta seja a primeira vez na história que o Brasil fica atrás da média mundial. De acordo com dados do próprio FMI, desde 1980, o Brasil sempre esteve atrás da média mundial – exceto nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT).

De acordo com o economista Luciano Nakabashi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador da área de crescimento e desenvolvimento econômico, o Brasil teve um crescimento considerável entre os anos 1930 e 1980, se aproximando dos países ricos. De lá para cá, contudo, o país se manteve bastante próximo da média mundial.

Depois, voltou a crescer nos últimos quatro anos, embora o crescimento não seja sustentável. “Tirando 2021, que foi a recuperação da crise lá da pandemia, a gente teve um crescimento em torno de 3% em 2022, 2023 e 2024, o que é um bom crescimento. Não é extraordinário, mas é bom. Só que eu acho que a gente está crescendo de uma forma não sustentável, porque há um aumento da dívida”, explica.

O autor do conteúdo não permite o envio de mensagens no X para não seguidores.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até a tarde de 4 de abril de 2025, o post tinha mais de 62 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, o Comprova acessou dados do PIB per capita do Brasil calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o banco de dados de PIB per capita do FMI e entrevistou o economista Luciano Nakabashi, da USP.

O que é o PIB per capita e qual a posição atual do Brasil no ranking mundial?

O PIB per capita, explica o economista Luciano Nakabashi, é o Produto Interno Bruto total de um país – ou seja, tudo aquilo que o país conseguiu produzir em um determinado intervalo de tempo – dividido pelo número de habitantes. Além de ser uma medida de capacidade produtiva, também serve para medir o consumo, já que, como num ciclo, a produção, seja de bens ou de serviços, é demandada pelas pessoas.

“Tudo que é produzido remunera o trabalho, gera renda e essa renda é utilizada para consumir o que se produziu. Então, quanto maior o PIB per capita, maior o poder de compra das pessoas”, afirma Nakabashi.

Cada país calcula seu PIB per capita em moeda corrente – ou seja, em reais, no caso do Brasil. Mas, é comum que entidades internacionais façam estimativas de valores em dólares americanos, como uma forma de fazer uma comparação desse poder de compra entre pessoas de diferentes países.

O FMI é uma dessas entidades e foram os dados do Fundo que serviram de fonte para o artigo na Wikipedia utilizado pelo autor do post. Há também estimativas feitas do Banco Mundial e da Universidade da Pensilvânia, por exemplo, mas os números são menos atualizados. Embora considerados bastante confiáveis pelos economistas, os dados mais recentes da Universidade Pensilvânia são de 2019.

No caso do FMI, foi feita uma estimativa para 2025, divulgada em outubro de 2024. Segundo ela, o Brasil deve ter um PIB per capita este ano de US$ 10.816, cerca de US$ 3,6 mil a menos do que a média mundial estimada, de US$ 14.450. Apesar de a tabela do post verificado apontar o Brasil na 81ª colocação no ranking, o país aparece em 79º lugar, segundo dados do FMI. Isso porque o artigo levou em conta no ranking as Ilhas Cook e Cuba, para quem o FMI não tem estimativa para 2025.

No caso do Brasil, o PIB é calculado pelo IBGE e ainda não há dados para este ano. O PIB per capita de 2024 foi de R$ 55.247,45, com um crescimento real de 3% com relação ao ano anterior. Se o valor fosse convertido em dólares americanos hoje, o PIB per capita de 2024 teria sido de US$ 9.562,18, de acordo com o conversor de moedas do Banco Central.

É a primeira vez que o Brasil fica atrás da média mundial?

Não. A página dedicada a informações sobre PIB per capita do FMI contém dados de 1980 a 2025 e, ao comparar num gráfico os números do Brasil e do mundo, é possível ver que apenas entre os anos de 2010 e 2014, o Brasil ultrapassou a média mundial. No restante do tempo, o país se manteve perto da média. Luciano Nakabashi ressalta, portanto, que esta afirmação de que o Brasil fica para trás pela primeira vez na história é falsa.

“O Brasil fica perto da média mundial. A gente é considerado um país de renda média. Não é um país desenvolvido, também não é um país pobre. É um país de renda média, mas com muita desigualdade. Então, a gente está numa situação intermediária”, aponta. Justamente por conta dessas desigualdades, explica, é que seria importante para o Brasil aumentar a capacidade produtiva, para que as pessoas pudessem consumir mais e, assim, melhorar a distribuição de renda.

| Reprodução: FMI

Os números do FMI não mostram os resultados de 1930 a 1980 – período que, segundo Nakabashi, o Brasil teve um melhor desempenho na economia. De 1980 para cá, aponta, o crescimento ficou perto da média, o que é considerado fraco. A exceção, aponta, fica entre os anos de 2000 a 2012.

“Os países desenvolvidos, por terem uma série de tecnologias, acabam crescendo mais do que os que estão na fronteira do desenvolvimento. Mas o Brasil, além de não estar diminuindo essa distância (de crescimento), está aumentando. Isso é ruim, porque como a gente tem uma distribuição de renda ruim, tem muita gente ficando ainda mais pra trás do que a média do Brasil”, diz.

O que significa a posição do Brasil no ranking do FMI?

O post investigado critica o fato de o Brasil estar atrás de países como México, Turcomenistão e Nauru, na Oceania, no ranking do PIB per capita, e diz que “o Brasil de Lula está mais pobre perante o mundo”. Mas, não é bem assim. Como mostrado anteriormente, o PIB per capita é importante para medir a capacidade produtiva e o poder de compra das pessoas, o que está diretamente ligado ao bem-estar da população.

No entanto, em termos de economia do país, o PIB total costuma ser um dado mais importante, porque questões políticas também são levadas em conta, explica o professor da USP. Ele cita como exemplo o caso da China, cujo PIB per capita é um pouco maior do que o do Brasil – estimativa para 2025 de US$ 13.873, segundo o FBI, na 69ª posição.

“O PIB per capita deles passou o do Brasil faz pouco tempo, mas eles são a segunda economia do mundo porque eles têm um PIB total maior, e um poder político maior. Se você pegar a Holanda, eles têm um PIB per capita muito maior, mas a importância da Holanda na economia mundial é muito menor do que a da China”, observa. Segundo os dados do FMI, a estimativa para o PIB per capita da Holanda este ano é de US$ 70.606, a 10ª posição.

Em resumo, em termos políticos e de poderio econômico, o PIB total é uma variável mais importante, enquanto o PIB per capita é mais significativo para medir a qualidade de vida das pessoas, explica Nakabashi. Ele aponta que, apesar da crítica ao atual presidente, o Brasil tem tido um desempenho econômico melhor nos últimos anos, embora o crescimento não seja sustentável por conta da demanda de despesas.

“Nesses últimos três anos, na verdade, o Brasil tem crescido relativamente bem. Tirando 2021, que foi a recuperação da crise da pandemia, a gente teve um crescimento em torno de 3% em 2022, 2023 e 2024, que é um bom crescimento. A gente deve ter parado de ficar cada vez mais para trás em relação aos países desenvolvidos, em relação à média mundial”, diz.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já publicou ser falso um post sobre PIB e inflação que inventava falas do ministro Fernando Haddad sobre pagamento do funcionalismo, e mostrou que a simples comparação entre o PIB e o número de senadores não era suficiente para entender a distribuição de recursos federais.

Notas da comunidade: Até a publicação deste texto, não foram adicionadas notas da comunidade à publicação investigada.

Contextualizando

Investigado por: 04/04/2025

Lula tem aposentadoria especial como anistiado e Dilma recebeu pagamento único; entenda

Contextualizando
Em meio à mobilização pela anistia dos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, uma foto do presidente Lula (PT) com uma camiseta escrito “anistia”, de 1979, foi compartilhada por políticos de direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Junto à foto, começaram a circular informações de que o petista e a ex-presidente Dilma Rousseff recebem mais de R$ 10 mil por mês como anistiados. Lula recebe aposentadoria especial como anistiado desde 1993. Dilma recebeu indenização em parcela única no ano de 2023. O Comprova explica o caso.

Conteúdo analisado: Foto em preto e branco do presidente Luiz Inácio Lula da Silva usando uma camiseta escrito “anistia”. A imagem aparece acompanhada das legendas “Viraliza foto de Lula com camiseta de anistia para presos políticos no período do governo militar” e “Não vamos deixar essa foto morrer, obrigado internet”. Um áudio que acompanha a foto narra que Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff recebem mais de R$ 10 mil por mês como anistiados. Também afirma que Dilma teria participado de ações armadas contra a ditadura militar.

Onde foi publicado: TikTok e Instagram.

Contextualizando: Uma foto do presidente Lula vestindo uma camiseta em que se lê a palavra “anistia” tem sido resgatada e compartilhada nas redes sociais por políticos da direita brasileira e por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A imagem é usada fora de contexto em meio à mobilização pela anistia dos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Um vídeo viral utiliza a fotografia de fundo enquanto uma voz faz uma série de afirmações, entre elas a de que Lula e Dilma Rousseff recebem, mensalmente, mais de R$10 mil como anistiados.

A fotografia foi tirada por Iugo Koyama, em abril de 1979, e mostra Lula como sindicalista distribuindo panfletos, no ABC Paulista, em prol do perdão aos presos políticos e exilados da ditadura militar. Em agosto daquele ano, o último ditador do Brasil, João Baptista Figueiredo, assinou a Lei da Anistia (Lei nº 6683/1979). A lei concedeu perdão aos perseguidos pelo regime militar, mas, por outro lado, beneficiou também os militares que cometeram torturas, assassinatos e outras violações de direitos humanos.

Lula recebe aposentadoria como anistiado político desde 1993 por ter perdido os direitos sindicais e ter sido destituído do cargo de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo durante a ditadura. Ele foi preso em 1980, quando liderou uma greve de metalúrgicos no ABC Paulista. Conforme apuração da Agência Lupa, em 2024, o valor mensal da aposentadoria era de R$ 12,5 mil.

O Comprova questionou a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República sobre o valor atual da aposentadoria, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

Já a ex-presidente Dilma Rousseff teve a sua condição de anistiada reconhecida pela Justiça em 2023. Diante disso, foi concedida a ela uma indenização de R$ 400 mil por danos morais em razão dos abusos sofridos durante a ditadura militar. Ela chegou a pedir uma pensão mensal por ter sido demitida da Fundação de Economia e Estatística (FEE) por questões políticas, mas o pedido foi negado.

A reportagem entrou em contato com o autor da publicação no TikTok para comentar o assunto, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Não há provas da participação direta de Dilma em ações armadas

As peças de desinformação ainda alegam o envolvimento de Dilma no sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, e em outros roubos e ações armadas. O sequestro foi organizado por integrantes dos grupos Aliança Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). De acordo com a biografia publicada no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), naquela época, Rousseff fazia parte do grupo guerrilheiro Comando da Libertação Nacional (Colina).

Apesar de existirem registros sobre a ligação do grupo Colina com a luta armada, Dilma sempre negou a sua participação em atividades do tipo. Segundo documentos do Supremo Tribunal Militar, tornados públicos em 2010, em um depoimento realizado em 1970, ela disse que nunca teve participação ativa nas ações de luta armada.

Publicações na internet que acusam a ex-presidente de participação em assaltos a banco durante a ditadura são recorrentes. Após a nomeação de Dilma à presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos Brics), em 2023, uma foto sua sentada diante de um tribunal militar foi resgatada para descredibilizar sua imagem.

O registro era de 1970, quando foi condenada por “subversão”. A fotografia foi publicada originalmente em 2011 na biografia escrita pelo jornalista Ricardo Amaral. Dilma foi presa e submetida a torturas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Foi violentada por meio de diferentes práticas de tortura, como o pau de arara, a palmatória, choques e socos. Ficou presa por seis anos e um mês, além de ter os direitos políticos cassados por dez anos.

Fontes consultadas: Lei da Anistia (Lei nº 6683/1979); Registro de aposentadoria como anistiado de Lula; Decisão da Justiça Federal que concedeu condição de anistiada a Dilma Rousseff, além de indenização por danos morais; Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) sobre o sequestro do embaixador americano em 1969; Biografia de Dilma Rousseff publicada pela FGV.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já apontou que um meme que mostra Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Lula como beneficiários de uma “bolsa ditadura” é enganoso e que é mentira que a jornalista Miriam Leitão tenha sido presa por assaltar bancos durante a ditadura e anistiada depois. As indenizações de Lula e Dilma relacionadas à ditadura militar já foram alvo de checagem do Estadão Verifica.

Política

Investigado por: 02/04/2025

Vídeo que elogia Lula com falas de premiê japonês é falso; não há registros das declarações

Falso
Não há registros públicos de que o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, tenha dito que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é “um herói da vida” e o “maior estadista do mundo”. Um vídeo gerado por inteligência artificial repercute supostos elogios, que não foram encontrados no discurso do líder japonês durante o encontro diplomático com Lula em Tóquio ou publicados pela imprensa do Brasil e Japão.

Conteúdo investigado: Vídeo que mostra o líder japonês Shigeru Ishiba e diz que ele teria feito uma série de elogios a Lula, dizendo, por exemplo, que o brasileiro “é um herói da vida humana” e “o presidente com mais ações e feitos da história”. O post ainda diz que a visita de Lula foi “capa nos principais jornais do mundo”. Sobre o vídeo foi adicionada a etiqueta “marcado pelo criador como gerado por IA”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Não foram encontradas falas do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, com os elogios a Lula citados no vídeo analisado. O discurso dublado, exibido na postagem verificada, não corresponde às declarações públicas do primeiro-ministro repercutidas pela imprensa brasileira e japonesa na última semana. Os líderes participaram de um encontro, em Tóquio, entre os dias 23 e 27 de março.

O único discurso ao vivo de Ishiba ocorreu em uma coletiva de imprensa, no dia 26, na cerimônia de assinatura de acordos entre os países. O vídeo foi registrado pelo canal no YouTube do governo brasileiro, o CanalGov, e traduzido simultaneamente. Em sua fala, o primeiro-ministro deu boas-vindas a Lula e à primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, mas não fez os comentários do conteúdo analisado.

No discurso, que durou cerca de 20 minutos, Ishiba comentou sobre as promessas de colaboração e os laços entre os dois países. Ele citou o estabelecimento de acordos para fortalecer áreas envolvendo segurança, defesa, meio ambiente, economia, comércio e investimentos. Além disso, mencionou a importância do Brasil como um “parceiro capaz de liderar a comunidade internacional para a cooperação mútua” em um cenário de conflitos globais.

A partir de uma busca por reportagens em jornais brasileiros e japoneses, que repercutiram os detalhes da visita e os acordos assinados, também não foram localizadas falas públicas do primeiro-ministro sobre Lula ser um “herói de vida” ou outros comentários nesse sentido. Os veículos do Japão citaram a importância do encontro, apontando que o Brasil é um líder no Sul Global.

A recepção de Lula no Japão foi a primeira visita de Estado de um líder estrangeiro no país asiático desde 2019. Mas, diferentemente do que alega a postagem analisada, a repercussão do assunto foi tímida na imprensa mundial. Reportagens foram publicadas em veículos e agências de notícias internacionais, como a AP News, France 24, Foreign Policy e Buenos Aires Times.

O Comprova entrou em contato com o responsável pelo post no TikTok, mas não houve retorno até a publicação da checagem. O perfil se descreve como um canal de comédia, animes e política e publica vídeos gerados por inteligência artificial de personalidades, como Lula, Jair Bolsonaro, Donald Trump, Papa Francisco, dentre outros. Não há aviso nas publicações de que se trata de conteúdo humorístico e há comentários que indicam que seus autores acreditam na veracidade dos vídeos com políticos.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 2 de abril, o conteúdo teve mais de 294 mil visualizações e 32 mil curtidas no TikTok.

Fontes que consultamos: Consulta por registros de declarações de Ishiba durante a visita de Lula ao Japão e transcrição da coletiva de imprensa realizada pelos líderes no dia 26 de março. Pesquisa por notícias e falas dos representantes de Estado na imprensa brasileira e japonesa.

Repercussão na imprensa do Brasil e Japão

Veículos brasileiros noticiaram que a visita de Lula ao Japão foi destaque nos principais jornais japoneses, como em reportagem publicada pelo Poder 360, Estadão e El País. A imprensa asiática ressaltou o encontro do presidente brasileiro com o Imperador Naruhito e o primeiro-ministro Ishiba, além da cooperação entre os países na área econômica e diplomática.

O jornal Yomiuri Shimbun publicou que a família imperial japonesa participou de uma cerimônia de boas-vindas para Lula e Janja, com um jantar e apresentação de samba. O veículo também noticiou que a visita proporcionou o estabelecimento de um “plano de ação para os próximos cinco anos”, sobretudo nos temas de política, segurança, economia e investimento e alterações climáticas.

O editorial do Nikkei disse que o “Brasil é um líder no Sul Global, cuja voz está se tornando cada vez mais influente” e comentou sobre a importância da parceria estratégica devido aos valores compartilhados pelas nações. O jornal ressaltou que a maior comunidade imigrante japonesa está no Brasil e lembrou o 130º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os países.

O Nikkei ainda noticiou o encontro com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para medidas de combate ao aquecimento global, e uma entrevista com Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, sobre a cooperação do Japão com o BRICS, grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O jornal Mainichi destacou as falas de Ishiba durante a coletiva de imprensa com Lula e a relevância da cooperação “em meio aos crescentes riscos geopolíticos e tensões comerciais”.

Brasil e Japão assinaram dez acordos em setores de educação, saúde, indústria, tecnologia, dentre outros, além de 80 instrumentos de colaboração entre entidades, como universidades, empresas e bancos. Os países anunciaram um plano de ação para revitalizar as relações diplomáticas, com visitas entre os líderes a cada dois anos.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Agências de checagem publicaram verificações a respeito da viagem de Lula e Janja ao Japão. O Aos Fatos, Lupa e UOL Confere noticiaram que o governo japonês não impediu que a primeira-dama participasse de reuniões oficiais.

Política

Investigado por: 02/04/2025

Vídeo mostra show de artista em Marcha Transmasculina como se fosse ato contra a anistia na Avenida Paulista

Enganoso
Vídeo que mostra uma pessoa de peito nu se apresentando em cima de um trio é, na verdade, de artista que participou da 2ª Marcha Transmasculina de São Paulo. Evento ocorreu no dia 30 de março, mesma data do ato contra a anistia aos presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. No entanto, não há relação entre as duas manifestações. O show aconteceu em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), local situado a 2,3 km de onde os manifestantes contra a anistia se reuniram, na Praça Oswaldo Cruz, no início da Avenida Paulista.

Conteúdo investigado: Vídeos que mostram uma pessoa com o peito nu e um microfone na mão se apresentando em cima de um trio elétrico. Publicações dão a entender que se trata de uma manifestação contra a anistia dos golpistas do 8 de janeiro realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 30 de março.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: O vídeo investigado mostra trecho da apresentação do rapper Sonho durante a 2ª Marcha Transmasculina de São Paulo, realizada no dia 30 de março, em frente ao Masp, na Avenida Paulista. Organizado pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat-SP), o evento aconteceu na mesma data e região do ato contra a anistia aos presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes. No entanto, não há relação entre as duas manifestações.

A gravação foi publicada originalmente no perfil do Ibrat no Instagram. O post, compartilhado no dia 31, identifica o nome do evento e a participação do artista. O show de Sonho fez parte da 2ª edição da marcha que, desde 2024, ocupa as ruas de São Paulo para denunciar a negação de direitos à população trans, como o acesso à saúde, emprego e educação, além da violência contra a comunidade.

A concentração da marcha ocorreu em frente ao Masp, onde Sonho se apresentou. O local fica a 2,3 km de onde os manifestantes contra a anistia dos presos pelo 8 de janeiro se reuniram, na Praça Oswaldo Cruz, no início da Avenida Paulista. No próprio vídeo e em outros registros fotográficos do evento, é possível identificar que o trio do artista está no vão do museu.

Enquanto a marcha foi organizada pelo Ibrat, a manifestação contra a anistia foi promovida pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, organizações políticas associadas à esquerda brasileira, e convocada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, formado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), o ato reuniu 6,5 mil pessoas.

Inicialmente, a manifestação contra a anistia, em São Paulo, aconteceria no vão do MASP, mas o ponto de concentração foi alterado devido à realização da Marcha Transmasculina, que já estava agendada.

O Comprova buscou contato com o autor da publicação, mas o X não permite o envio de mensagens.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No X, até o dia 2 de abril, o vídeo acumulava mais de 180 mil visualizações e mil comentários.

Fontes que consultamos: Busca reversa de imagens por meio do Google Lens, ferramenta que ajuda a descobrir se determinada foto já foi publicada antes na internet e em qual contexto. Além disso, foram consultadas publicações do Ibrat sobre a Marcha Transmasculina. O Google Maps foi usado para calcular a distância entre o local onde ocorreu o show e a manifestação contra a anistia.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem como Estadão Verifica e Aos Fatos publicaram que vídeo mostra apresentação em Marcha Transmasculina, e não um ato contra anistia. Além disso, são recorrentes posts que tiram vídeos de contexto. O Comprova já explicou que vídeo é tirado de contexto para dizer que trechos da Bíblia serão banidos de redes sociais e que vídeo de queima controlada é tirado de contexto para negar o aquecimento global.

Notas da comunidade: Até a publicação desta verificação, não havia notas da comunidade publicadas junto ao post no X.

Golpes virtuais

Investigado por: 02/04/2025

Como identificar e se proteger do golpe da caçamba

Golpes virtuais
Golpes virtuais utilizam diversas táticas para chamar a atenção de suas vítimas, frequentemente explorando a urgência, fazendo ofertas tentadoras, propagando informações falsas ou se fazendo passar por entidades conhecidas. O Comprova analisou 11 dos golpes digitais mais comuns. Entenda como golpistas abordam suas vítimas pela internet ou pelo celular, conheça as táticas que utilizam para chamar a sua atenção e saiba como você pode se proteger dessas armadilhas.

Golpe da caçamba

Como os golpistas abordam as pessoas: anúncios pagos que prometem o aluguel de caçambas para a coleta de entulhos aparecem nas primeiras páginas de pesquisas em grandes buscadores, como Google e Bing. Quando a pessoa faz a busca, ela é redirecionada para um site, encontra um contato de WhatsApp e começa a conversar com a suposta empresa prestadora do serviço. Os golpistas oferecem um preço abaixo do praticado no mercado e, assim que o cliente realiza a transação via Pix de forma antecipada, o serviço não é entregue e o contato da “empresa” desaparece.

Que táticas eles usam para chamar a atenção: os golpistas prometem preços “tentadores”, bem abaixo do praticado no mercado, a fim de persuadir a vítima.

Qual é o objetivo do golpe: investir em anúncios pagos com a finalidade de tirar dinheiro das vítimas.

Como se proteger: você pode pesquisar o CNPJ da suposta empresa no site da Receita Federal e consultar o número de telefone presente no Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral. Outra maneira de se proteger é solicitar uma Nota Fiscal (NF) antes de realizar a transação via Pix. Caso enviem a NF, é possível conferir se os dados contidos no documento batem com as informações disponíveis no site da Receita Federal. Além disso, é importante sempre desconfiar de preços muito “tentadores”.

A quem denunciar: é importante acumular provas do golpe, como prints das conversas e registro do número de telefone utilizado. Todos esses dados devem ser reunidos e incluídos no Boletim de Ocorrência, que deve ser registrado junto à Polícia Civil.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, o Comprova conversou com o especialista em segurança digital Paulo Trindade, Onsite Security Services Manager da ISH Tecnologia, utilizou dados do Banco Central e também consultou sites da Febraban, Banco Itaú, Idec, Correios e Serasa.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Parceiro do Comprova, o Estadão Verifica publicou uma matéria mostrando como criminosos usam inteligência artificial para manipular vídeos de pequenos influenciadores e aplicar golpes nas redes sociais; o UOL Confere mostrou ser falsa a mensagem que falava sobre um sorteio conjunto para prêmios da Claro e da Vivo; a AFP Checamos mostrou que era falso um site que prometia consultar valores a receber usando uma cópia do portal do governo. A Agência Lupa criou um site que mapeia golpes digitais e orienta vítimas de fraudes.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, o Comprova conversou com o especialista em segurança digital Paulo Trindade, Onsite Security Services Manager da ISH Tecnologia, utilizou dados do Banco Central e também consultou sites da Febraban, Banco Itaú, Idec, Correios e Serasa.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Parceiro do Comprova, o Estadão Verifica publicou uma matéria mostrando como criminosos usam inteligência artificial para manipular vídeos de pequenos influenciadores e aplicar golpes nas redes sociais; o UOL Confere mostrou ser falsa a mensagem que falava sobre um sorteio conjunto para prêmios da Claro e da Vivo; a AFP Checamos mostrou que era falso um site que prometia consultar valores a receber usando uma cópia do portal do governo. A Agência Lupa criou um site que mapeia golpes digitais e orienta vítimas de fraudes.

Golpes virtuais

Investigado por: 02/04/2025

Como identificar e se proteger do golpe do plantão

Golpes virtuais
Golpes virtuais utilizam diversas táticas para chamar a atenção de suas vítimas, frequentemente explorando a urgência, fazendo ofertas tentadoras, propagando informações falsas ou se fazendo passar por entidades conhecidas. O Comprova analisou 11 dos golpes digitais mais comuns. Entenda como golpistas abordam suas vítimas pela internet ou pelo celular, conheça as táticas que utilizam para chamar a sua atenção e saiba como você pode se proteger dessas armadilhas.

Golpe do plantão

Como os golpistas abordam as pessoas: entram em contato com funcionários plantonistas de emprego por telefone ou WhatsApp durante o horário do plantão.

Que táticas eles usam para chamar a atenção: os golpistas monitoram o funcionamento da empresa e costumam contatar o funcionário no horário de plantão, quando sabem que, em geral, não há outras pessoas para prestar apoio em uma tomada de decisão. Assim, eles se passam pelo chefe do funcionário e solicitam informações.

Qual é o objetivo do golpe: a vítima, nesses casos, não é o funcionário, e sim a empresa – o que o golpista deseja é obter senhas e invadir o sistema da empresa onde aquela pessoa trabalha.

Como se proteger: de acordo com o especialista em segurança digital Paulo Trindade, é preciso ficar atento ao tipo de informações que o funcionário acaba tornando públicas e que, mais tarde, podem servir para o golpista, como fotos dentro da empresa, utilizando o crachá, ao lado de colegas e do próprio chefe. O golpista pode cruzar esses dados com informações do LinkedIn e, em um horário de plantão, se passar pelo chefe da pessoa.

A quem denunciar: casos assim devem ser denunciados à Polícia Civil, à rede social por onde eventualmente houve o contato e à própria empresa, que também deve denunciar o caso às autoridades policiais.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, o Comprova conversou com o especialista em segurança digital Paulo Trindade, Onsite Security Services Manager da ISH Tecnologia, utilizou dados do Banco Central e também consultou sites da Febraban, Banco Itaú, Idec, Correios e Serasa.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Parceiro do Comprova, o Estadão Verifica publicou uma matéria mostrando como criminosos usam inteligência artificial para manipular vídeos de pequenos influenciadores e aplicar golpes nas redes sociais; o UOL Confere mostrou ser falsa a mensagem que falava sobre um sorteio conjunto para prêmios da Claro e da Vivo; a AFP Checamos mostrou que era falso um site que prometia consultar valores a receber usando uma cópia do portal do governo. A Agência Lupa criou um site que mapeia golpes digitais e orienta vítimas de fraudes.

Golpes virtuais

Investigado por: 02/04/2025

Como identificar e se proteger do golpe do falso emprego

Golpes virtuais
Golpes virtuais utilizam diversas táticas para chamar a atenção de suas vítimas, frequentemente explorando a urgência, fazendo ofertas tentadoras, propagando informações falsas ou se fazendo passar por entidades conhecidas. O Comprova analisou 11 dos golpes digitais mais comuns. Entenda como golpistas abordam suas vítimas pela internet ou pelo celular, conheça as táticas que utilizam para chamar a sua atenção e saiba como você pode se proteger dessas armadilhas.

Golpe do falso emprego

Como os golpistas abordam as pessoas: se apresentando como representantes de empresas e fazendo ofertas de emprego por e-mail, WhatsApp ou por anúncios na internet. Também é comum que abordem a vítima afirmando que ela foi selecionada para uma vaga de emprego sem que ela tenha se inscrito.

Que táticas eles usam para chamar a atenção: as propostas contam com promessas financeiras elevadas, com poucas horas de trabalho e muitos benefícios.

Qual é o objetivo do golpe: tirar dinheiro das vítimas, já que, para iniciar o emprego, o golpista diz ser necessário fazer um depósito ou pagar por um exame ou ferramenta de trabalho, ou roubar dados sensíveis.

Como se proteger: o Serasa alerta que as pessoas desconfiem de ofertas muito tentadoras, com salários e benefícios acima da média, e estejam atentas a alguns detalhes importantes: documentos, por exemplo, costumam ser pedidos após a conclusão do processo seletivo, e não antes ou durante. Também não é comum exigir a realização de cursos preparatórios durante o recrutamento, e exames e testes admissionais são pagos pela empresa, e não pelo funcionário.

A quem denunciar: é importante registrar um Boletim de Ocorrência e, também, denunciar o caso à empresa que, em tese, está oferecendo o emprego. A denúncia deve ser feita pelos canais oficiais da empresa, e não pelo telefone informado no contato pelo golpista.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, o Comprova conversou com o especialista em segurança digital Paulo Trindade, Onsite Security Services Manager da ISH Tecnologia, utilizou dados do Banco Central e também consultou sites da Febraban, Banco Itaú, Idec, Correios e Serasa.

Desconfiou que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais e abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: Parceiro do Comprova, o Estadão Verifica publicou uma matéria mostrando como criminosos usam inteligência artificial para manipular vídeos de pequenos influenciadores e aplicar golpes nas redes sociais; o UOL Confere mostrou ser falsa a mensagem que falava sobre um sorteio conjunto para prêmios da Claro e da Vivo; a AFP Checamos mostrou que era falso um site que prometia consultar valores a receber usando uma cópia do portal do governo. A Agência Lupa criou um site que mapeia golpes digitais e orienta vítimas de fraudes.